domingo, 3 de maio de 2009

folha solta

Tenho por hábito e necessidade escrever em momentos em que a emoção é maior e preciso desabafar. Qualquer sitio ou papel serve para registar.
Depois, no meio de um livro ou fundo de gaveta volta á mão para recordar...
Esta tem algum tempo e nem lembro a causa que o provocou, mas o registo ficou.
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Estou numa etapa de vida em que já corri muitos caminhos, fiz imensas experiências, conheci pessoas e gentes.
Voei milhas por ar, corri milhas por mar e quilómetros por terra
Mudei de casa 13 vezes, cheguei à etapa dos 60, será boa altura de parar.
Parei e já cansei da paragem...
Olho à volta, vejo e recordo a quantidade de lixo que acumulei, na mente, no corpo e em casa.
Em cada mudança de casa, algumas vezes para fugir de mim própria, ou do que não gostava e não tinha coragem de batalhar, tentando renovação.
Fui dando e desfazendo quilos de lixo...que fui guardando religiosamente no pó do tempo e esquecimento.
Do meu continuo acumular de coisas, umas belas outras apenas recordações afectivas, identificadas apenas quando abro uma gaveta, um caixote ou um armário.
Na luta do bem essencial, esquecemos ou atrasamos entrar no espiritual, dando espaço a essa caixinha que sempre existiu, nos acompanhou toda a vida, muitas vezes entreaberta, mas com o correr do ritual diário não permitiu tempo nem necessidade para acarinhar demoradamente.
Por aí também andei, descobrindo e encarando verdades conhecidas, mas sem demora para aprofundar.

Na paragem propositada da corrida vivida, demorei a analisar o que vivi e a pressa que decorreu
Esta será uma nova fase a ultrapassar, porque a motivação e vontade enfraqueceu e o desabito do correr, programar e realizar abrandou e a lentidão dos passos actuais criou calo.
Não sei se valerá a pena criar novos hábitos, mais força e descobrir novos caminhos, ou apenas seguir passo a passo lentamente o resto da estrada, que conheço hoje, não gosto, mas tento não tropeçar nas pedras do caminho.
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Encontrei e fiquei a repensar...
O tempo decorreu e pouco se alterou.
A vida é o somatório de tantos momentos, intensos, alegres e tristes cujo registo mental quarda e esquece, mas as folhas soltas relembram e ajudam a datar.
Formiguinha
MG

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